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HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NO BRASIL – PARTE 22


Por: Cmte. Pedro Canabarro Clique aqui para ver as outras partes

 A Nordeste foi mais uma empresa que surgiu impulsionada pelo projeto SITAR. Procurando aproveitar o incentivo governamental para o setor da aviação regional, a Transbrasil juntamente com a VOTEC e o Governo do Estado da Bahia fundou a Nordeste Linhas Aéreas em novembro de 1975.  A empresa começou a operar naquele mesmo mês, com 5 aeronaves EMB 110 Bandeirante. A Nordeste ligava Salvador a São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo e ao estado de Minas Gerais. A empresa chegou a contar com 11 aeronaves EMB 110 Bandeirante até os anos 1980.

   Como já falamos por aqui, o projeto SITAR que foi desenvolvido pelo governo federal juntamente com as empresas aéreas nacionais, previa a divisão do país em cinco áreas de exploração e a criação de empresas para explorar sem concorrência cada uma destas áreas. Em 1984 um empresário mineiro, Otto Augusto de Lima, solicitou ao governo a criação de uma nova empresa regional no Estado de Minas Gerais. As empresas regionais vetaram a criação de uma nova empresa, assim como o DAC. 

  Vencido pela reserva de mercado existente, o empresário não desistiu e tentou assumir o controle acionário da empresa. Inicialmente comprou o terço que estava em posse da VOTEC e em seguida o terço da Transbrasil. No entanto, o dono do terço restante, o Governo do Estado da Bahia, embargou judicialmente as compras das ações relativas a Transbrasil.

Somente no fim de 1984 que Otto Lima finalmente conseguiu ter posse das ações da Transbrasil, assumindo o controle da Nordeste. A disputa continuou nos tribunais até que em 1985 o Governo do Estado desapropriou os bens da Nordeste, entre eles nove aviões  Bandeirante, que ao fim reduziram para o número de sete, após várias outras ações judiciais de Otto Lima. 

O Governo Federal resolveu desapropriar as ações da concessionária do serviço público Nordeste e decretou uma intervenção federal da empresa em 1986. Além dos problemas jurídicos e administrativos a Nordeste enfrentava uma série de acidentes e incidentes que afetaram sua imagem.

  A história após a intervenção torna-se um tanto confusa e nebulosa, como muitas outras ocorridas no setor aeronáutico, e carece muito mais pesquisa para que se possa determinar com razoável noção do que realmente aconteceu. Podemos afirmar que em 1988 a Nordeste passou da intervenção federal para o controle do grupo Coelho, pertencente à família do então vice-governador baiano Nilo Coelho.

Na mão do grupo Coelho, a Nordeste operou até 1995, com uma frota de 10 EMB Bandeirantes e 3 EMB 120 Brasília, tendo um movimento significante em rotas no nordeste e centro oeste brasileiro. O grupo VARIG assumiu a empresa em 1995 até 2005, tendo em sua frota Jatos e Turbos hélices e  transportando mais de 1.200000 passageiros em 2002. Já em 2003, a Nordeste linhas aéreas foi incorporada a VARIG e acabou afundando juntamente com todo o grupo em 2006.

VOTEC – Voos Técnicos e Executivos     

A VOTEC surgiu como linhas aéreas regionais no rastro do projeto governamental SITAR, em 1976.  A empresa já existia desde 1967 como Táxi aéreo atuando com helicópteros e um avião monomotor de propriedade de Claudio Hoelck, um dos fundadores e sócio da antiga Nacional. Com a compra de outra empresa de Táxi aéreo em Belém, Hoelck fundou a VOTEC Amazônia e começou a prestar serviço para a Petrobrás para prospecção de petróleo. Esse foi o grande salto da empresa, que em pouco tempo se tornou a maior operadora de helicópteros no país.  

            Em 1976 se tornou a VOTEC Serviços Aéreos, com um capital de 100 milhões de cruzeiros e iniciou sua operação com duas aeronaves EMB 110 Bandeirante. A empresa atendeu cidades no Pará, Maranhão, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais partindo do Rio de Janeiro. Servindo 28 cidades além das capitais destes Estados, e sendo parte da rede postal noturna dos Correios. A empresa chegou a contar com uma frota de 32 helicópteros que prestavam serviços à Petrobrás a partir de Macaé, e 26 aviões nas linhas regionais. Havia incorporado 3 Fokkers F 27 em 1982, além de contar com 10 EMB 110, 5 DC-3 e 11 Islander


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FOKKER 50

            Em 1983, o grupo financeiro a qual pertencia a VOTEC enfrentava sérias dificuldades financeiras e o reflexo já se fazia sentir na VOTEC.  Denúncias de rebaixamento salarial e falta de recolhimento de impostos eram frequentes, a qualidade da manutenção e da operação na linha havia caído notadamente.   


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EMB 110


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DC-3

Numa tentativa de sair da crise a VOTEC se associou com a TAM que vinha num crescente financeiro. Porém resultou apenas na saída da VOTEC das linhas regionais que ficariam com a TAM e deixando um prejuízo a VOTEC de 41 bilhões de cruzeiros. Desta associação surgiu a Brasil Central Linhas Aéreas Regionais cujo único dono seria Rolim Amaro, o dono da TAM.

    A VOTEC Taxi Aéreo Operou até 1997 praticamente servindo só um cliente, a Petrobras. Se em seu início as operações financeiras e administrativas pareciam ter sido claras, ao seu fim as coisas se tornaram cada vez mais nebulosas.  A Venda de suas linhas regionais para a TAM carece de maiores pesquisas, assim como sua falência. Existem processos, inclusive do Tribunal de Contas da União que denunciam o desaparecimento de 3 helicópteros da VOTEC do RAB.

RIO SUL:  Serviços Aéreos Regionais

       A Rio Sul é mais uma filha do projeto SITAR. Feita para ficar com a parte sul numa associação da VARIG com a Top Táxi Aéreo, Sul America Seguros e Atlântica-Boa Vista. Iniciou suas operações em 1977, na rota diária Rio de Janeiro para Campos e Rio de Janeiro para São José dos Campos. Naquele mesmo ano iniciou também a operação para diversas cidades no interior gaúcho, e posteriormente ligações em Santa Catarina e Paraná. Em pouco tempo a Rio Sul já ligava mais de 27 cidades ligando o Rio de Janeiro até o extremo sul do Brasil. Em 1980 a Sul America Seguros vendeu sua parte na empresa para a VARIG e em 1982 chegam os primeiros Fokker F 27.

            Com o crescimento a passos largos da TAM , a VARIG resolve tentar barrar o crescimento da Rival através da Rio Sul e assim começou uma série de investimentos na empresa, como a chegada dos EMB 120 Brasília, sendo a primeira empresa no Brasil a operar o tipo. Em 1992 chegam os Fokker 50 e os jatos B 737-500.  Em 1995, a Rio Sul através da VARIG, comprou a Nordeste e em 1997 a Rio Sul lançou no mercado os ERJ 145 da Embraer.


ERJ 145


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Fokker 50

 Essa escolha da VARIG em desenvolver a Rio Sul acabou provocando descontentamento e conflitos internos no grupo de funcionários da VARIG, algo que contribuiu para o fim da empresa. Boa parte dos recursos financeiros da VARIG eram direcionados para a Rio Sul, que ainda usava toda a infraestrutura da VARIG sem contrapartida nenhuma para ela.

Dessa forma os anos 2000 tiveram início com a Rio Sul em alta e a VARIG em baixa, até que em 2002 a VARIG foi incorporada a Rio Sul e desapareceu com ela em 2006.

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