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HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NO BRASIL – PARTE 28

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Por: Cmte. Pedro Canabarro Clique aqui para ver as outras partes

 

TAVAJ

Com sede no Acre e voltada para a operação naquele estado, a Táxi Aéreo Vale do Joá, após 25 anos no mercado de táxi-aéreo, se aventuraria a operar como empresa de aviação regional no início de 1994.

Iniciaria suas atividades como empresa regional de transporte regular com uma frota de sete aeronaves EMB 110 Bandeirante, que seria acrescida de um Fokker F 27-600 em 1995 e mais dois Dash 8 -200 e um EMB 110 em 1997.

Até 1998, possuía uma ocupação média de 50% e transportava um volume considerável de passageiros, ocupando já o posto de concorrente da TABA. Porém, as dificuldades de manutenção e a crise financeira a partir de 1999 levariam a empresa a terminar 2001 com somente cinco EMB-110 Bandeirantes em condições de voo.

Numa tentativa de reformular seu negócio, a TAVAJ incorporaria um EMB 120 Brasília e mais um Fokker F 27 – 600. Mas a diminuição de passageiros continuava num ritmo crescente, fazendo que o ano terminasse com apenas 62 mil passageiros transportados.

Em 2003, chegaria a um formato de frota mais eficiente para sua operação com três Fokkers F 27 -600 transportando quase o mesmo número de passageiros da antiga frota de oito aviões.

O acidente da RICO em 2004 levaria o DAC a realizar inspeções em todas as empresas que operavam na Amazônia, sendo a TAVAJ uma delas. A falta de documentação e adequação de normas e procedimento, além de deficiências encontradas na manutenção e na operação da linha aérea, levariam o DAC a suspender a autorização de operação da TAVAJ naquele ano.

 

Phoenix Brasil

A Phoenix Brasil foi criada em 1995 pelo gaúcho Taylor do Nascimento, juntamente com Flavio Kauffman e com o ex-Transbrasil comandante Sergio Leite. A Phoenix era o braço latino da americana Millon Air, que fornecia apoio operacional e financeiro. A empresa entrava no mercado no rastro do Plano Real, que valorizava a moeda brasileira perante o dólar.

A empresa tinha planos de expansão rápida, que seria bancada pela sócia norte-americana. A Millon Air era sediada em Miami e havia sido fundada em 1984 pelo piloto colombiano Juan B. Millon. Tinha uma frota de sete aeronaves, sendo cinco Boeing 707, um Douglas DC-8 e um Loockeed L1001 Tristar.

A Phoenix iniciaria suas operações com um Boeing 707-369C, ainda com matricula americana, em julho de 1995. A primeira aeronave com prefixo brasileiro chegaria somente em novembro daquele ano. Era o também B 707-331C de prefixo PP – PHB.

Operando em cooperação com a Millon Air, a Phoenix tinha um volume de voos considerável. Também se orgulhava de ser a primeira a receber o certificado de homologação como empresa de carga aérea não regular no Brasil. Fazia a ligação entre Manaus e Guarulhos em voos fretados por transportadoras de cargas e pela VASP.

Também tinha alguns voos para Miami partindo de Viracopos. A empresa se preparava para receber mais um Boeing 707 e um L1011 Tristar da Milon Air, e iniciar sua consolidação no mercado de cargas, quando um acidente da Millon Air em 1996 no Equador afetou a vida da Phoenix Brasil.

As autoridades norte-americanas iniciariam uma investigação na Millon Air que apontaria uma série de falhas e irregularidades, e que levaria o FAA a fechar a companhia em Miami devido às diversas inconformidades encontradas.

Sem o suporte operacional e financeiro da parceira americana, a Phoenix viu a chance de sobrevivência em contratos com a VASP para operar nos voos do Correio. Porém, a saída do sócio norte-americano atingiu gravemente as finanças da empresa, que não teve outra opção senão paralisar as atividades no final de 1997.

 

Abaeté Linhas Aéreas

As Linhas Aéreas surgiriam como uma subsidiaria do Taxi Aéreo Abaeté, em 1995, em Salvador, no estado da Bahia. O Taxi Aéreo Abaeté foi fundado em 1979 pelo Comandante Jorge Mello, e acabaria por se tornar um dos maiores e mais importantes do país, contando com uma estrutura invejável e uma frota numerosa.

Com a compra da Nordeste pelo grupo VARIG, a regional nordestina iria começar a operar aeronaves maiores e acabaria por abandonar diversos destinos no interior do sertão baiano, abrindo oportunidade para que a Abaeté tentasse se aventurar no mercado de aviação regular.

Assim, em 1994, inicialmente com uma frota de duas aeronaves Embraer EMB-110 Bandeirante, aumentada posteriormente para quatro, começaria a Abaeté Linhas Aéreas, baseada no Aeroporto Internacional de Salvador.

Alcançava vários destinos no interior da Bahia, como Jequié, Caravelas, Teixeira de Freitas, Bom Jesus da Lapa, Guanambi, Barreiras, Vitória da Conquista, Petrolina, Barreiras entre outros. Porém, caindo no mesmo erro da Nordeste, a Abaeté passou a oferecer menos voos para os destinos esquecidos pelas outras concorrentes para priorizar destinos de alta rentabilidade e alta concorrência.

Tal planejamento acabaria por inviabilizar a linha aérea, diminuindo consideravelmente sua malha. A empresa ainda manteria por um tempo duas aeronaves na rota de Salvador para Bom Jesus da Lapa e 13 funcionários, para cobrir os custos operacionais. Em 2004 a Abaeté transportaria 4052 passageiros.

Como a maioria das empresas regionais daquela época, culpava a falta de infraestrutura aeroportuária no interior para cancelar seus voos, segundo alegações de que, para se manter viável nestas rotas, seria necessária a incorporação de aeronaves maiores, que não podiam operar no interior.

A empresa manteria seus dois EMB 110 voando naquela única rota por um tempo, esperando do governo soluções para o mercado regional. Tais soluções e investimentos não aconteceram, e a empresa acabaria por desistir do mercado regional.

A Abaeté suspendeu suas operações em 29 de fevereiro de 2012, retornando os aviões para o Táxi Aéreo e desistindo de operar como empresa regular.

 

Tropical Airlines

Sem dúvida, a história da Tropical Airlines serve de exemplo para ilustrar o período, digamos, agitado do mercado aéreo no Brasil pós Plano Real. Muitas pessoas vislumbravam uma oportunidade de ganhar dinheiro com a aviação, não importando muito a legalidade ou a ética do negócio.

Tal comportamento provocou uma enxurrada de empresas criadas com um fim de simplesmente ganhar algum dinheiro rápido e fácil. Em sua totalidade elas teriam um final tão absurdo quanto a sua criação havia sido.

A Tropical havia sido criada em 1995 pelo então Governador do Acre, Orleir Cameli, que pretendia operar voos charters com um Boeing 727-247. Cameli havia comprado o B 727-200 de prefixo N580CR durante uma viagem oficial a Miami. O governador teria pagado US$ 250 mil de entrada e pagaria o restante em prestações mensais de US$ 86 mil, durante três anos.

O avião foi transladado para o Brasil e, após o pouso, acabou apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, pois em seu interior havia 110 caixas de equipamentos de navegação aérea, no valor de US$ 210 mil, sem guia de importação, além de outros materiais.

Para complicar mais a situação, a Polícia Federal prendeu um dos tripulantes, pois o mesmo era procurado por ser piloto do traficante Curica, dono de 7,5 toneladas de cocaína apreendidas em 1994 em Tocantins.

Após a apreensão da aeronave, o governador, indignado, confirmaria que o avião era seu, e que pretendia comprar outros dez, para usar em exportações de produtos da Amazônia. Na época, Orleir Cameli também era conhecido por ter quatro CPFs e dois RGs.

A aeronave entrou em uma disputa jurídica até ser finalmente devolvida ao antigo dono, em Miami.

 

PENTA – Pena Transportes Aéreos

O Pena Taxi Aéreo nasceu em 1989, em Santarém. Seis anos depois, seu dono fundou, em sua base, outra empresa para atender voos regionais: a Penta. Ela surgiu já grande, da combinação do nome da empresa que deu lhe deu vida na aviação regular com o espírito empreendedor de seus sócios.

A Penta iniciaria como linhas aéreas regionais em 1995 com duas aeronaves EMB 110 e duas aeronaves Cessnas 208B Caravan, realizando voos entre Santarém, Manaus e Belém. Em março de 1996, a empresa adquiriu mais três Embraer 120 Brasília, dois deles novos, diretamente da fábrica.

Em 1998, a crescia rapidamente, havendo já transportado mais de 230 mil passageiros e aumentado sua frota para seis Cessna 208 Caravan, dois Embraer 110, três Embraer 120 e quatro Dash 8-300. Atingia 34 cidades, incluindo um voo internacional para a capital da Guiana Francesa.

O Crescimento rápido que havia proporcionado o sucesso da Penta acima do esperado para o mercado também seria o responsável pelo endividamento da empresa, que cobraria sua fatura nos anos seguintes.

Em 1999, a crise cambial que se instalou no Brasil, provocando a disparada do dólar, fez os custos e as dívidas ficarem impagáveis. A empresa foi forçada a uma redução gradual de frota, até que o seu último Dash 8 fosse devolvido no ano 2000.

Para complicar mais o quadro, suspeitas e denúncias quanto à qualidade da manutenção levaram o DAC a suspender temporariamente a operação. Como reflexo, viu-se a parada de mais duas aeronaves: os EMB 120 Brasília mais novos, deixando a frota da Penta reduzida a dois Embraer 110, um Embraer 120 e os sete Cessna 208 Caravan.

Em 2003, a empresa atendia apenas quatro cidades na região norte e Caiena, tendo reduzindo número de passageiros transportados drasticamente para cerca de 34 mil. Em 2004, o Departamento de Aviação Civil determinaria por portaria que os Cessnas 208 Caravan só poderiam transportar 9 passageiros quando sob a regulamentação do RBHA 121/135, ao invés dos 12 passageiros homologados para a aeronave.

Segundo a empresa, isso teve um impacto de 25% nos lucros, tornando a operação do avião inviável financeiramente. Assim, optou-se por suspender a operação desses aviões nas linhas regionais e retorná-los para a Pena Taxi Aéreo.

A Penta existiria ainda até o início de 2005, com seus dois velhos Bandeirantes em voos de carga e de correio, até um deles ser destruído em um pouso malsucedido. Isso foi o fim da linha para a Penta.

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