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Fadigômetro: novo estudo propõe limites de carga de trabalho para mitigar a fadiga

  • ABRAPAC
  • 30 de out.
  • 3 min de leitura
Cabine do 737 em voo e nota sobre artigo do Fadigômetro.

Artigo científico do Projeto Fadigômetro, publicado no prestigioso periódico Scientific Reports, do grupo Nature, estabelece correlações diretas entre a carga de trabalho e os níveis de fadiga dos tripulantes, trazendo recomendações de segurança e propondo mitigações para as regras do RBAC 117.

 

 

O Projeto Fadigômetro atinge um marco em sua trajetória com a publicação de um novo artigo científico, "Aircrew rostering workload patterns and associated fatigue and sleepiness scores in short and medium haul flights in Brazil".

 

O estudo aprofunda a análise da relação entre a carga de trabalho e os níveis de fadiga e sonolência, utilizando a robusta base de dados do Fadigômetro, que combina escalas de voo reais com as respostas dos tripulantes aos questionários para medição de fadiga e sonolência.

 

A pesquisa demonstra que existem relações lineares claras entre as métricas de carga de trabalho — acumuladas em um período de 168 horas (7 dias) — e os níveis de fadiga e sonolência reportados pelos tripulantes. Os indicadores que mais se correlacionaram com os altos escores de fadiga foram:

 

  • Tempo de jornada

  • Número de etapas de voo

  • Soma de etapas de voo com períodos de tempo em solo superiores a 1 hora

 

A análise de 7.149 escalas de 2023 revelou que esses três fatores são responsáveis por cerca de 70% dos maiores escores de fadiga, e 60% dos maiores escores de sonolência.

 

Recomendações e Mitigações para o RBAC 117

 

Com base nessas descobertas, o estudo propõe recomendações de segurança fundamentais, com o objetivo de mitigar os riscos associados à fadiga acumulada. A aplicação dessas mitigações resultaria em uma diminuição significativa dos altos níveis de fadiga, com impacto mínimo na cobertura das escalas.

 

As recomendações para as escalas planejadas e executadas são:

 

Tempo total de jornada: O tempo total de jornada, excluindo períodos de sobreaviso, deve ser limitado a 44 horas a cada período de 168 horas consecutivas (excetuando-se os voos internacionais de longo curso).
Etapas de voo: O número de etapas de voo deve ser inferior a 16 (máximo de 15) a cada período de 168 horas.
Etapas de voo + períodos de tempo em solo > 1h: A soma do número de etapas de voo com o número de períodos de tempo em solo superiores a 1 hora deve ser inferior a 20 (máximo de 19) a cada período de 168 horas.

 

Boas Práticas no Uso de Modelos Biomatemáticos

 

O artigo reforça também as boas práticas para o uso de modelos biomatemáticos, alinhadas com as diretrizes da ICAO (DOC 9966). É crucial entender que os modelos são uma ferramenta de apoio dentro de um Sistema de Gerenciamento do Risco de Fadiga (FRMS), e não devem ser usados como único critério para decisões que permitam:

 

  • Flexibilizar limites prescritivos.

  • Desqualificar um relato de fadiga feito por um tripulante.

  • Descartar a probabilidade de fadiga em escalas com carga de trabalho relevante.

 

Sobre o Projeto Fadigômetro

 

O Fadigômetro tem como objetivo a criação de um banco de dados sobre o estado de alerta das tripulações da aviação regular brasileira durante suas jornadas de trabalho, permitindo a propositura de métodos para a análise do risco da fadiga e estratégias para sua mitigação.

 

A pesquisa é conduzida pelas associações ABRAPAC, ASAGOL e ATL, em parceria com a USP (Instituto de Biociências, Faculdade de Saúde Pública e Instituto de Física) e o ITA.

 

Os dados cadastrais dos participantes são anonimizados e protegidos, em plena conformidade com a legislação vigente.

 

Acesse www.fadigometro.com.br para saber mais.

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